Me lembro como se fosse ontem. Eu
e meus colegas do meu antigo emprego estávamos na sala de reunião numa festinha da
empresa. Naquela bagunça, entra na sala uma menina toda gordinha, falando com todo mundo, se apresentando,
pedindo pra todo mundo se juntar para foto, pegando o brinde...Uma cara de pau!
Era o dia da contratação dela e ela já passou a se enturmar com gente que
convivi por anos e que saí sem conhecer direito. Ela é assim: UM EVENTO! Daí, com
o (curto) tempo de convívio, fui sabendo mais da história de vida dela e de
como ela lidava com a questão estética e tal.
Denise teve que ralar (e ainda
rala) muito para conseguir viver nessa loucura de rotina: trabalhar, cuidar da casa,
estudar, educar o filho de 11 anos, namorar o marido, cuidar do cachorro, enfrentar
esse trânsito caótico...Coisas que algumas mulheres conseguem só Deus sabe
como. Já pintou o cabelo de tudo que é cor. Adora o Rappa, mas se tocar “Beijnho
no ombro” ela é a primeira a rebolar. Tem um carinho imenso pela família e
amigos e, como minha mãe diz, “tira a comida da boca para dar a quem precisa”.
Não à toa, está se formando em Serviço Social. É apaixonada pelo maridão a quem
ela chama carinhosamente de “Meu Shrek” e agora está há quatro meses esperando
um bebê! \0/\0/\0/
Como não querer conhecer uma
mulher assim? Tão especial e ao mesmo tempo tão igual a todas nós?!? Por isso, resolvi entrevista-la neste mês. Se vocês puderem se inspirar nem que seja um pouquinho na alegria e leveza com que ela leva a vida, minha missão estará cumprida! Enjoy it!
Denise, você é gordinha desde pequena ou em algum momento da vida, por
conta de algum acontecimento, você ganhou peso? Eu comecei a ganhar peso na
adolescência, mais especificamente após a perda da minha mãe aos 15 anos. Mas
sempre tive seios grandes e coxas grossas. Um estereótipo avantajado!
Você já fez ou já pensou em fazer alguma coisa maluca para perder peso? Nunca. Eu morro de medo. Já perdi
uma amiga que fez a Bariátrica. Sempre que acho que já passei dos limites,
fecho a boca e controlo o refrigerante e o doce. É brabo, mas dá uma
diferença...
Qual é o seu manequim? Você encontra dificuldade em consumir moda? Visto 52/50, dependendo do modelo
da roupa. Confesso que as lojas hoje tem uma visão mais moderna para nós, plus
size. Mas, há uns 3 anos atrás, achavam que gorda tinha que se vestir feito
cortina de vovó...Roupa hoje não é problema, mas ainda tenho dificuldade em
achar lingeries.
Onde você costuma comprar roupa? Tem alguma dica de onde as leitoras
possam encontrar roupas bacanas por um precinho camarada? Tem uma loja no Saara (centro do
Rio) chamada Julia Modas. Adoro! Encontro sempre blusas em promoção por 30/40
reais e calças por 60 reais. São roupas lindas e de boa qualidade. Nas sessões
plus size da Leader e da Marisa tem muita coisa bonita e se der sorte, com bons
preços.
Onde você mostra a sua vaidade? Você tem alguma dica boa de beleza para
dividir conosco? Na vida! Procuro sempre andar bem
comigo mesma e deixo exalar. Mesmo no dia que estou mais “borocoxô”, lanço um
rímel nos olhos, uma cor na roupa e vou à luta! Uma dica? Vista o que te faz
sentir bem (mas com bom senso!). Valorize o que mais aprecia em si: olhos,
seios, bumbum, sorriso... Está se sentindo muito pesada? Faça uma dieta, largue
o refrigerante e o chocolate. Esqueça o x-tudo e dance. Ligue o som e dance! Eu
faço isso até hoje, mesmo grávida. Está baixo astral? Corte o cabelo, mude a
cor, faça as unhas e se perfume sempre.
Qual celebridade você acha incrível e que busca inspirações na escolha
do look? Amo a Preta Gil. Acho que ela
está numa ótima fase. Emagreceu, mas nada agressivo e ainda se veste super bem.
Quanto ao estilo, costumo me vestir com aquilo que acho que cai bem: cores,
estampas, tudo que acho que fica bem.
Você já passou por alguma situação de preconceito ou alguém te colocou
numa situação constrangedora por conta do peso? Como você reagiu a isso? Várias vezes. Nunca me permiti
ficar mal. O que vale é o que sei que sou, meu caráter. Muitas vezes perdi emprego por ser gorda mesmo tendo
um currículo melhor. Entrei em lojas e me ignoravam, sendo que em muitas vezes
eu ia comprar presentes. Até um carinha que eu saía me largou porque eu tinha
muita estria na barriga(!?!) Entendi na época que se não deu, é porque tinha
algo melhor reservado para mim. Minha família muitas vezes me criticava e
rotulava. Eu preferia ignorar. Procurei sempre me olhar de maneira positiva,
mas isso só prova o quanto o ser humano ainda é fútil em algumas questões.
E sobre os homens? Sabia que ainda existe ainda o mito de que gordinha
fica só em casa chorando, comendo e vivendo amores platônicos? Dá para dividir
um pouco com a gente como foi a sua vida de solteira? Ahaha...nunca! Gorda namora,
transa, paquera e é paquerada. Tem homem que curte mulher mais forte, que curte
carne. Aproveitei muito! Sempre tive carinhas me querendo! Peso? Isso nunca foi
empecilho, meninas! Saí muito à noite. Conheci meu marido na night e estamos
juntos há quase 6 anos. Conselho? Se permita viver, curtir, beijar, paquerar
sem medo. Se não rolar é porque não é para ser. Quem nunca passou por momentos
amorosos ruins? Mas atribuir isso somente ao peso está errado.
Para finalizar, você pode nos deixar uma mensagem sobre aceitação e
auto estima, já que isso você tem de sobra? Qual é a fórmula? Primeiro: aceite-se e
respeite-se! A beleza vem de dentro para fora. Não é utopia. Valorize-se. Vista
uma roupa e se sinta bem nela. Se olhe no espelho e SE AME! Entenda que você é
assim por um único motivo: Deus te criou especial, então nada de deprê. Viva o
Plus Size, lindas!
Vamos aos looks dela?
Vocês podem observar que ela se joga sem medo nas estampas e nos acessórios. Aliás, tem acessório mais bacana do que um sorriso largo no rosto? :-)
Ela fica super bem com roupas longas mesmo não tendo muita altura, transgredindo aquelas regrinhas chatas de que roupa comprida achata tudo. Mas ela é espertchinha! Pra tudo ficar mais harmonioso, ela usa na parte superior as cores mais escuras (onde está o maior volume) e se joga feliz nas cores e estampas na parte de baixo, perceberam? #naoéfeitiçariaétecnologia
Bom, espero de verdade que vocês tenham curtido conhecer um pouco a vida de uma mulher "gente-como-a-gente", com todas as suas inseguranças, alegrias, conquistas e lutas. Só nós mulheres sabemos a "dor e a delícia de ser o que é", não é mesmo?
Denise, você foi a primeira mulher que pensei em entrevistar nesse mês das mulheres. Espero que você tenha gostado de ler assim como amei escrever! Que seu baby venha com muita saúde! Você deixa esse mundo mais alegre! <3 <3
Beijas,
Eliana
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